Às vezes

A voz é o som de uma lágrima que cai;
Um amor que para longe vai;
Às vezes, o sorriso não está nos lábios e sim nos olhos;
A mão treme;
O coração geme;
A saudade nos acena;
A vida nada mais é que uma mera assassina;
Às vezes,
A canção não tem letra;
A coisa fica preta;
O amor é uma bomba de neutróns;
Mata a vida, a essência, mas conserva o corpo, a estrutura;
Às vezes...
O homem esquece o orgulho;
O pombo voa livre com um arrulho;
Uma vela se acende no escuro;
Às vezes...
Um bilhete;
Um mero lembrete;
Diz tudo.
Às vezes...
Dà vontade de ir embora;
Correr mundo afora;
È, mas para onde ir? Onde?
Longe, muito longe;
No horizonte perdido;
No canto escondido;
Às vezes...
Quero te falar, mas emudeço e fico a te olhar;
Às vezes, dói o seu silêncio;
Meus sentimentos são calados, presos, amordaçados;
Às vezes...
Penso.
Ser livre é este inferno ???
Prenda-me na deliciosa prisão dos teus braços;
Deixa-me naufragar no seu mar;
Saciar minha sede nos seus lábios;
É, isto acontece, às vezes...
Mas de repente, acordo, toda suada;
E percebo, o quanto sou abandonada...

                                             Rosemeri Fernandes

Back Up Next